MENSAGEM

"Eu não recearia muito as más leis se elas fossem aplicadas por bons juízes. Não há texto de lei que não deixe campo à interpretação. A lei é morta. O magistrado vivo. É uma grande vantagem que ele tem sobre ela" - Anatole France

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Nova resolução transforma cidadão em PM 'temporário'


SEGURANÇA

Nova resolução transforma cidadão em PM 'temporário'

Mudança tira policiais militares dos Distritos Policais, mas repassa para as pessoas a condução de ocorrências e er guardiã de veículos roubados ou furtados

25/07/2015 - 17h08 - Atualizado em 25/07/2015 - 18h37 | Alenita Ramirez

Foto: Elcio Alves/ AAN
Voyage localizado e abadonado pela PM no São Quirino: vítima foi orientada a guinchar até a delegacia, ao contrário do que ocorria anteriormente
Voyage localizado e abadonado pela PM no São Quirino: vítima foi orientada a guinchar até a delegacia, ao contrário do que ocorria anteriormente
A resolução 57 da Secretaria de Segurança Pública (SSP), que trata do atendimento e o registro de ocorrências, publicada em maio, tem causado embates entre polícias. As novas regras também provocaram despesas para as vítimas. A medida desobriga o policial militar a ficar nas delegacias até o fim do registro da ocorrência. Além disso, tira a atribuição da PM de ser guardiã de veículos roubados ou furtados, que são localizados abandonados.
Na prática, a medida vai impedir que PMs fiquem até oito horas nos distritos à espera do registro de ocorrências, resolvendo uma antiga reivindicação da corporação. Por outro lado, a resolução passa o ônus para a Polícia Civil e para pessoas comuns, que passam a ser obrigadas a acompanhar alguns tipos de registros de BOs.
Projeto-piloto
Em Campinas, o projeto-piloto foi implantado desde o ano passado na área do 47º BPM/I, que abrange as regiões do Campo Grande, Ouro Verde, Viracopos e da Vila Padre Anchieta, e já causou a transferência de alguns delegados da 2ª Delegacia Seccional, que discordam da determinação. Com a nova norma, os policiais passaram a apresentar apenas as ocorrências que eles flagram. Ou seja, em casos de homicídio, por exemplo, o policial vai ao local para fazer a preservação, mas aciona a Polícia Civil para que ela mesma colha todas as informações e faça a ocorrência. Em casos de roubos ou furtos, a própria vítima tem que apresentar.
Desde o mês passado, a resolução também passou a ser aplicada pelo 8º BPM/I, que abrange região do Taquaral, Barão Geraldo e Paulínia. “O trabalho é feito em conjunto entre as polícias, e a ideia é que o patrulhamento retorne às ruas e que não haja prejuízo nas ações da polícia judiciária”, informou a assessoria de imprensa do Deinter 2.
Localização de veículos
Nos casos de localização de veículos, a PM liga para a vítima e avisa onde está o carro. Se a vítima avisar que vai ao local de imediato, os policiais esperam, mas se não puder ir, os policiais fazem o próprio registro e vão embora, deixando o carro no local. Cabe à vítima guinchar o carro e levá-lo até a delegacia para fazer a liberação.
No início do mês passado, uma vítima teve o carro roubado e depois de algumas horas o veículo foi localizado na Vila Nova. Na época, a PM ligou para a vítima e informou sobre a localização, mas como era noite e o dono do carro estava em outra cidade, disse que não podia comparecer naquele momento e combinou com o policial de pegar o carro no dia seguinte. No entanto, quando a vítima chegou no local indicado pelo policial não encontrou mais o carro. Ele havia sido furtado.
Na semana passada, um gesseiro teve um Voyage modelo antigo furtado em frente a sua casa. O veículo foi achado no último dia 20 estacionado na calçada da Rua Dona Luísa de Gusmão, no Parque São Quirino. Como o carro não estava no nome da vítima, ficou apreendido, mas não foi removido do local. “Fui orientado a guinchar o carro até a delegacia, mas não tenho condições de pagar guincho, além disso o veículo está no nome do antigo dono”, comentou o gesseiro. 
Policial por um dia
Outra situação que causou estranheza para policiais civis e vítimas é no caso em que a vítima detém o bandido. Neste caso, como os policiais não executam a prisão, eles fazem apenas o serviço de acompanhamento. Levam o bandido e a vítima até a delegacia, passam o caso para o delegado e vão embora.
No último dia 23, um motorista de 40 anos teve que ser o condutor de sua própria ocorrência. Ele teve a casa invadida por um bandido armado de faca, mas conseguiu deter o criminoso. O filho dele ligou para o 190. Os policiais foram ao local e levaram o bandido para a delegacia, mas depois foram embora. A vítima foi quem apresentou o flagrante. Por sorte, o filho foi testemunha da ação e o delegado de plantão prendeu o suspeito.
Na Constituição
 
“Qualquer cidadão civil pode deter um bandido. Isso está na Constituição, mas está sendo colocado em prática só agora. A pessoa só precisa ter duas testemunhas. Quando o cidadão detém uma pessoa, o policial não é testemunha de nada. A função do policial é dar segurança e não há necessidade dele ficar preso nas delegacias. O policial tem que estar na rua, fazendo o trabalho preventivo”, disse o tenente-coronel do 8º BPM/I, Marci Elber.
Pela resolução, os policiais militares não precisam ir de imediato nas delegacias. Eles devem fazer por manuscrito o seu boletim de ocorrência, conhecido como BOPM, e depois deixá-lo na delegacia de área. Segundo policiais civis, essa determinação dobrou o serviço deles, já que é necessário refazer a ocorrência. “É trabalho dobrado e pode ocorrer duplicidade de BO, sem contar que muitas vezes não entendemos a letra do policial”, comentou um policial civil.

Acessado e disponível na Internet em 27/07/2015 no endereço - 

Veja a cronologia dos ataques do PCC em 2006 em São Paulo


Veja a cronologia dos ataques do PCC em 2006 em São Paulo

Atentados alteraram a rotina da maior cidade do País naquele ano e resultaram em mortes de policiais e de supostos criminosos


11 de maio de 2006: Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC é transferido do presídio de Avaré para Presidente Venceslau. Outros 700 criminosos ligados à facção também são transferidos de unidade. O governo anuncia ter descoberto um plano do grupo, que realizaria uma onda de rebeliões no final de semana seguinte, durante o Dia das Mães. 



13 de maio: 30 pessoas morrem e 25 ficam feridas em uma sequência de 64 atentados, cometidos entre a noite do dia 12 e a tarde do dia 13, contra policiais, guarda civis e agentes prisionais. Quarteis, delegacias e bases da polícia também se transformam em alvos de tiros. Os ataques se concentram na Grande São Paulo, mas também há registros no interior e litoral. Simultaneamente, o Estado começa a enfrentar uma megarrebelião em presídios. Estima-se que 24.472 detentos de 24 unidades integrem o movimento, tendo feito 129 reféns. A polícia prende 17 suspeitos e convoca todo seu efetivo para reforço de patrulhamento. 


14 de maio: Os ataques ganham força. Oito ônibus são incendiados e número de ataques atribuídos ao PCC sobe para 103, com 72 mortes e 27 feridos. Rebeliões em presídios passam a ocorrer em 69 das 105 unidades de regime fechado, com 300 reféns. Governo estadual parte para o contra-ataque e anuncia a morte de 19 supostos criminosos entre os dias 13 e 14. 

15 de maio: São Paulo vive uma segunda-feira de pânico com serviços de transporte interrompidos, prejudicando a rotina de cinco milhões de pessoas. Em 24 horas, 51 ônibus são atacados e incendiados. Comércio e bancos fecham as portas mais cedo, escolas e faculdades suspendem aulas, enquanto número de atentados atinge 150 casos, com 96 mortes e 55 feridos. O medo é acompanhado por onda de boatos, que levou a polícia a esvaziar o aeroporto de Congonhas por suspeita de bomba. À noite, após 73 horas, governo anuncia fim das rebeliões em todas as unidades prisionais. A administração estadual não confirma acordo oficial com Marcola. 

16 de maio: Capital tem dia de relativa calmaria, com registro de dois ataques a ônibus. Secretaria da Administração Penitenciária atende a pedido de presos e compra 60 aparelhos de televisão para as áreas comuns dos presídios, uma das condições para que a paz continuasse no Estado. PCC divulga manifesto em que critica a transferência de detentos realizada na “calada da madrugada”, que foi classificada como “atitude egoísta do governo e de autoridades que visam apenas seus próprios sucessos políticos”.


Marcola concordou que preso falasse com lideranças da facção; celular foi usado na cadeia
Marcola concordou que preso falasse com lideranças da facção; celular foi usado na cadeia
17 de maio: Descoberto compra de cópia de depoimento de diretor do Deic, da Polícia Civil de São Paulo, Godofredo Bittencourt Filho, pelo PCC por R$ 200. O delegado concedeu informações em sessão fechada na Câmara dos Deputados em que dizia ter conhecimento de planos de ataques da facção em maio. Informação obtida de maneira ilegal teria possibilitado que grupo criminoso antecipasse e planejasse melhor os ataques. 


19 de maio: Antenas de redes de celular são desligadas em regiões de seis presídios do Estado. Governo aperta o cerco ao PCC. Entidades pedem apuração de excessos por parte da Polícia Militar em operações que deixaram mortos em reação aos ataques da facção.

Acessado e disponível na Internet em 27/07/2015 no endereço - 
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,veja-a-cronologia-dos-ataques-do-pcc-em-2006,1732401

Estado fez acordo com PCC para cessar ataques de 2006




Estado fez acordo com PCC para cessar ataques de 2006, mostra depoimento
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Em São Paulo
  • Rogerio Cassimiro - 8.jun.2006/Folhapress
    O líder do PCC, o Marcola
    O líder do PCC, o Marcola
Depoimento obtido com exclusividade pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostra que representantes da cúpula do governo estadual fizeram um acordo com o chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para pôr fim à onda de ataques da facção criminosa, em maio de 2006. A reunião foi feita dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes.
A declaração, do delegado José Luiz Ramos Cavalcanti, foi dada durante depoimento em processo judicial que investigou advogadas supostamente ligadas ao crime organizado. Ele foi um dos escolhidos pelo governo para participar do encontro em 2006. Apesar de essa possibilidade ter sido divulgada na época dos atentados, o governo do Estado sempre negou o acordo com o PCC e admitiu apenas que a conversa com Marcola foi uma condição para a rendição da facção.
A proposta do crime organizado foi levada pela advogada Iracema Vasciaveo, então presidente da ONG Nova Ordem, que defendia o direito dos presos e, na época, representava o PCC: se os responsáveis pelo comando dos atentados nas ruas fossem informados de que Marcola estava bem fisicamente, que não havia sido torturado por policiais e que os presos amotinados não seriam agredidos pela Polícia Militar, os ataques seriam encerrados.
O recado deveria ser dado pelo próprio chefe do PCC. O papel de Iracema era convencer Marcola a aceitar a ideia.
A cúpula das secretarias de Segurança Pública e da Administração Penitenciária, cujos chefes na época eram Saulo de Castro Abreu Filho e Nagashi Furukawa, respectivamente, aceitou a ideia da advogada. O então governador, Claudio Lembo, autorizou o encontro.

Missão

No depoimento, que está no processo criminal 1352/06, Cavalcanti conta que recebeu uma ligação em 14 de maio, dois dias depois do início dos ataques, do seu chefe Emílio Françolim - diretor do Departamento de Narcóticos, o Denarc -, convocando-o para a viagem. Na ocasião, dezenas de policiais já haviam sido mortos em atentados.
A missão do delegado era acompanhar a advogada Iracema Vasciaveo até o presídio de Presidente Bernardes. Os dois e mais o corregedor da Secretaria da Administração Penitenciária, Antonio Ruiz Lopes, foram no avião da PM até Presidente Prudente, onde se encontraram com o comandante da região, coronel Ailton Brandão, e seguiram para o presídio.
Cavalcanti contou que Ruiz Lopes e o diretor do Presídio de Presidente Bernardes, Luciano Orlando, autorizaram que a advogada entrasse com celulares. Todos ficaram em uma sala e Marcola foi levado por um agente penitenciário. Iracema então se apresentou e começou a conversar com o chefe do PCC. Inicialmente, ela tentou convencê-lo a falar ao celular com outro criminoso, que comandava os ataques - o homem nunca foi identificado pela polícia.
Marcola se recusou. Ele teria lamentado a morte tanto de policiais quanto de bandidos. A advogada insistiu e, finalmente, o chefe do PCC aceitou a proposta. Como não fala ao celular, ele pediu para chamar o preso Luis Henrique Fernandes, o LH, que é de sua confiança.
Segundo Cavalcanti, "LH foi trazido para a sala e Marcola disse que ele poderia falar ao telefone e dar a mensagem da advogada; LH concordou, e a advogada entregou o seu telefone, que já tinha um número previamente gravado na memória, para onde LH ligou e conversou com uma pessoa desconhecida".
O delegado negou a proposta de qualquer acordo, mas disse que Marcola pediu que a polícia respeitasse o direito dos presos, o que lhe foi garantido pelo comando da PM. Cavalcanti ainda relatou que "supõe que o bloqueador de celular tenha sido desligado", pois LH fez algumas tentativas antes de completar a ligação. Por fim, declarou que "no fim daquele dia e no dia seguinte os ataques definitivamente pararam". O policial não quis dar entrevista, mas confirmou as declarações.

Celulares

A advogada Iracema Vasciaveo confirmou os fatos narrados por Cavalcanti. Segundo ela, a situação estava "fora de controle". Ela contou que, quando recebeu a proposta dos bandidos, levou ao conhecimento de colegas na Polícia Civil.
"Naquele domingo (14 de maio de 2006), recebi um telefonema com uma ordem: que eu fosse para o Campo de Marte, porque de lá seguiria para Presidente Bernardes." Lá, a advogada afirma que recebeu de um policial os celulares usados no presídio.
Ela também rejeita a palavra "acordo". Segundo Iracema, "havia uma chance para encerrar os ataques, e tudo foi feito para que isso fosse possível". As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Acessado e disponível na Internet em 27/07/2015 no endereço - 
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/07/27/estado-fez-acordo-com-pcc-para-cessar-ataques-de-2006-mostra-depoimento.htm

PCC - 16 vídeos


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Fraudes em licitações da PM usavam até a assinatura de motorista

Ouvir o texto

O esquema de fraudes em licitações no Comando-Geral da Polícia Militar de São Paulo, com desvios que envolveram ao menos R$ 10 milhões, segundo apuração inicial da própria polícia, utilizou até assinaturas de um motorista.
Foi o próprio motorista, o soldado Gerri Dener Zeferino, que informou aos superiores ter participado, em "duas ou três oportunidades", da formalização de contratos que ele não sabia o que eram.
Zeferino foi ouvido em sindicância que apurou irregularidades no departamento de compras do Comando-Geral em 2009 e 2010.
No depoimento, o soldado disse que seu nome constava da lista de policiais que atuavam no departamento de compras porque, à época, era motorista do tenente-coronel Kooki Taguti, o chefe do setor. Como ficava no quartel à espera de ordens, afirmou, ele era chamado algumas vezes para assinar papéis dos quais desconhecia o teor.
sindicância da PM não apontou quais foram as licitações assinadas pelo motorista nem o montante envolvido. Na documentação da sindicância, entretanto, não há nenhum registro de que Zeferino tenha sido questionado sobre quem pediu a ele que assinasse tais papéis.
Procurado pela Folha, o soldado não quis comentar o caso. Como a Folharevelou em junho, uma apuração da própria PM confirmou um esquema de fraudes em licitações da cúpula da corporação, que envolviam de papel higiênico e peças de carro até obras e serviços no quartel. Os pagamentos eram feitos sem a comprovação de entrega.
O então responsável pelos contratos do setor, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, admitiu parte das fraudes e afirmou que tinha autorização de seus superiores. Disse ainda que o dinheiro desviado era utilizado para quitar dívidas da própria PM.
A sindicância concentrou-se em 2009 e 2010, mas, como mostraram as reportagens, as mesmas empresas de fachada venceram licitações desde 2005, envolvendo mais de R$ 21,5 milhões. O governo, então, determinou a reabertura das investigações, ampliando o período em análise.
'PARA REGULARIZAR'
Outros oficiais do departamento de compras do Comando-Geral disseram, na sindicância, que parte dos processos licitatórios vinha pronta do setor chefiado por Adriano Filho. Assim, esses oficiais apenas assinavam os papéis.
Um deles, o capitão Gilberto Monteiro Freire, disse que, nas vésperas de auditorias, "os oficiais eram chamados para assinarem documentações em licitações que estavam tramitando, [...] sem a devida documentação de origem, [...] tudo para se regularizar os processos".
Freire disse ainda que não havia uma comissão para receber os produtos –como é comum no serviço público– e que, em alguns casos, até soldados temporários eram usados para atestar o recebimento. Soldados temporários são jovens contratados por tempo determinado para funções administrativas.
OUTRO LADO
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou em nota que foi instaurado um IPM (Inquérito Policial Militar), por determinação do secretário Alexandre de Moraes, para apurar mais detalhadamente o esquema de fraudes em compras.
A nova apuração terá como foco "todos os fatos relacionados às contratações que não foram objeto da sindicância realizada pela PM." O IPM é presidido pelo coronel Levi Anastácio Felix, corregedor da Polícia Militar.
Ainda segundo a secretaria, todos os indícios de irregularidade foram encaminhados para outros órgãos, como Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado.
"Este mesmo material fará parte da instrução de processo no Conselho de Justificação da Polícia Militar, que definirá se o tenente-coronel [Adriano Filho, já aposentado] perderá a patente", diz a nota. A perda de patente leva à perda dos benefícios.
O motorista Gerri Dener Zeferino não quis comentar o assunto. "Eu não lembro e não posso falar sobre isso", disse. A reportagem não conseguiu localizar o tenente-coronel Kooki Taguti, chefe de Zeferino à época, nos telefones registrados em seu nome.
*

A fraude
Dinheiro destinado à aquisição de produtos –muitos não eram entregues– e à contratações de serviço para o Comando-Geral da PM era desviado por meio de licitações fraudulentas


Período
Entre 2009 e 2010, no mínimo, mas operador do esquema atuava no departamento desde 2000


Comando-geral
Formado pelo comandante-geral (indicado pelo governador), subcomandante e oficiais do Estado-Maior; fica na região da Luz (centro de SP)


O operador
Tenente-coronel José Afonso Adriano Filho é apontado como operador. Ele era o responsável pelas finanças do Departamento de Suporte Administrativo do Comando-Geral


O que ele diz
Confirma parte do esquema, mas alega que o dinheiro era desviado para pagar dívidas da própria PM. Ao menos R$ 10 milhões é o montante envolvido nas licitações irregulares em 2009 e 2010; não se sabe o destino exato do dinheiro

Acessado e disponível na Internet em 15/07/2015 no endereço - 
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/07/1655415-fraudes-em-licitacoes-da-pm-usavam-ate-a-assinatura-de-motorista.shtml

segunda-feira, 13 de julho de 2015

"Ciclo completo de polícia: dos irmãos Naves à lampada LED"

06/07/2015 - 11:21:26
ARTIGO

"Ciclo completo de polícia: dos irmãos Naves à lampada LED"

Confira o artigo do Delegado de Polícia Civil Sérgio Ricardo Mattos

  • ADPF
  • Sérgio Ricardo Mattos



Imaginem um lugar tão tão distante. Imaginem que neste lugar tem o chamado ciclo completo de polícia.


Imaginem que um grupo de pessoas consiga deter um homem por um suposto crime e este homem é levado à presença de um delegado de polícia. O delegado ouve todo mundo e entende que o crime não existiu, ou o fato é atípico ou aquele detido não é o autor. Um terceiro que a tudo assistia chega para este grupo de pessoas e diz: “Este delegado é muito mole, leva ele para o quartel que o tenente prende”.



Pois bem, vamos ao um caso verídico em um lugar não tão tão distante assim. Trecho retirado do site http://advivo.com.br/comentario/re-vaccarezza-vai-entrar-com-acao-popular-contra-gurgel-3 “Em 1937 teve início um dos casos mais célebres de injustiça e erro judiciário de nosso país, o caso dos irmãos Naves. Dois irmãos simples da cidade de Araguari em Minas Gerais são os protagonistas desta triste história. Sebastião José Naves contava com trinta e dois anos, enquanto seu irmão, Joaquim Rosa Naves, vinte e cinco. Ambos trabalhavam na lavoura e comercialização de cereais. Joaquim também era sócio de seu primo, Benedito Pereira Caetano, outra figura notável nesse episódio, em um caminhão Ford V-8, que transportava as mercadorias. Benedito compra muitas sacas de arroz, gasta 136:000$000 (cento e trinta e seis contos de réis), esperando revendê-las e lucrar consideravelmente.



Contudo, o preço do arroz cai, e recebe apenas um cheque no valor 90:048$500 por toda mercadoria. Não haveria lucro, aliás, a soma não cobriria todas as suas dívidas. Logo após receber o cheque Benedito resolve sacá-lo e, dois dias depois, desaparece. Os irmãos procuram o primo que estava hospedado na casa de Joaquim, visitam sua amante, Floriza, o fornecedor e o comprador das sacas de arroz. Com o passar do tempo, a preocupação aumenta e eles procuram a polícia, relatando, ao delegado Ismael do Nascimento, os últimos fatos. A polícia realiza buscas, porém Benedito não estava na fazenda dos pais, nem em parte alguma. O inquérito é instaurado, os irmãos Naves, bem como Floriza, José Lemos (comprador das sacas de café) e outros dois amigos do desaparecido são testemunhas. Eles recontam os últimos momentos com Benedito, na festa de inauguração de uma ponte, entre Araguari e Goiás. Joaquim explica que depois da comemoração, jantaram em casa e o primo resolveu sair para passear no parque de diversões, levando toda a importância de que era portador. Floriza conta que, na verdade, dançou com o desaparecido no cabaré naquela madrugada, mas não haviam passado a noite juntos.



Estava difícil resolver o sumiço de Benedito, a polícia não tinha pistas e a pressão popular aumentava. Nada. Tudo sem rumo. O povo inquieto. O delegado malvisto. Mole. Mole. Mas não era. Honesto, sensato. Não via, não atirava no escuro. Podia acertar noutro. Não queria ser perigoso, nem injusto[1]. Na busca por uma solução do caso, um delegado militar (da força pública) é convocado para conduzir as investigações, Francisco Vieira dos Santos, figura central para a transformação do episódio. No mesmo dia em que assume o posto, intima novas testemunhas. Dentre elas, José Prontidão, que trabalha no mesmo ramo dos irmãos Naves e afirma ter visto e trabalhado com Benedito em Uberlândia, pouco tempo após seu desaparecimento. Dona Ana Rosa Naves, mãe dos irmãos e de mais outros 12 filhos, viúva, contava com sessenta e seis anos, foi ouvida pelo delegado e confirmou a versão de Prontidão. Em seguida, o delegado tomou os depoimentos da esposa de Sebastião, Salvina e a de Joaquim, Antônia.



Ambas sabiam que na noite anterior ao sumiço do primo, os irmãos estavam nas respectivas casas. Um amigo de Benedito, Orcalino da Costa, em seu testemunho sugeriu que os responsáveis pelo desaparecimento de Benedito eram os irmãos Naves. O delegado preferiu seguir esta última "pista". Os Naves e Prontidão são presos, sofrem muitas agressões, passam fome e sede. O último não agüenta a tortura por muito tempo, modifica seu testemunho, diz que os irmãos mandaram-no dizer aquelas coisas em troca de uma gratificação posterior. Deste modo, o delegado consegue a acusação que tanto desejava para revelar aquele "crime", mas ainda espera a confissão. Os irmãos continuam presos no porão da delegacia, nus, ainda sem receber alimentos ou água, apanhando muito, porém nada diziam. Assim sendo, prendem Dona Ana, retiram-lhe as roupas e mandam os filhos baterem na mãe idosa, e eles, obviamente, recusam-se. Todos são torturados, Dona Ana chega a ser estuprada, porém é solta após alguns dias e procura um advogado. Já não era a primeira vez em que ela procurava o Dr. João Alamy Filho, que, por fim, resolve defender os irmãos.” Não precisamos continuar a contar a história, pois esta aberração virou filme e todos sabem o final. Tivemos aí, o verdadeiro ciclo completo de polícia.



Pesquisando sobre ciclo completo de policia, tive a oportunidade de entrar no site http://www.feneme.org.br/ e lá encontrei um artigo com o seguinte título O SISTEMA POLICIAL BRASILEIRO E O FIM DA LÂMPADA INCANDESCENTE.



Neste artigo, o nobre articulista faz uma comparação entre o ciclo completo e a evolução da lâmpada elétrica. Para ele a separação entre a função investigativa e ostensiva seria equiparada a lâmpada incandescente e o ciclo completo de polícia seria a luz LED.
Mas se retornarmos e analisarmos o novo modelo proposto e a história contada, creio que haveria um retrocesso, em vez de se chegar a lâmpada LED, iríamos retornar à lamparina. Ou seja, todo o trabalho de Thomas Edson seria jogado no lixo.



Continuando o artigo, o articulista informa que em 30 de junho deste ano foi proibida a venda de qualquer lâmpada incandescente.
Ele esquece que em 1988, a Constituição Federal dispôs em seu artigo 144:

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Neste exato momento a Constituição Federal proibiu que a lamparina pudesse emitir qualquer luz, que qualquer querosene fosse queimado e que qualquer mau cheiro ficasse impregnado na sociedade. E o melhor, passou a impedir que qualquer tenente Francisco Vieira dos Santos prendesse quaisquer irmãos Naves ou quaisquer Amarildos. Impediu, assim, o Ciclo Completo dos Naves e o Ciclo Completo dos Amarildos.
A partir deste momento poderíamos, de fato, evoluir. E evoluir dentro da investigação, com policiais civis e federais capacitados e especializados, com equipamentos modernos, com viaturas modernas e um salário digno. Com uma polícia uniformizada nas ruas, da mesma forma, com equipamentos modernos e com salários dignos, sem pressão das famigeradas prisões administrativas e dando à sociedade a tão sonhada sensação de segurança.


Por fim, eu tenho que concordar com o autor do artigo que fala da evolução da lâmpada incandescente. Temos que, de fato, evoluir para a LED. Só que esta L.E.D tem outro significado LUZ, EVOLUÇÃO E DESMILITARIZAÇÃO.

Acessado e disponível na Internet em 12/07/2014 no endereço -
http://www.adpf.org.br/adpf/admin/painelcontrole/materia/materia_portal.wsp?tmp.edt.materia_codigo=7575&tit=Ciclo-completo-de-policia-dos-irmaos-Naves-%EF%BF%BD-lampada-LED#.VaMnD_lVikq