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Comerciante ficou ferido na cabeça e na perna
“Apenas salvei a minha vida e a da minha família, mas fui tratado como vagabundo e bandido. Quando policiais militares me disseram no pronto-socorro que eu estava preso e ia para a cadeia após receber alta médica, foi super desagradável, uma humilhação”.


O desabafo é do comerciante de ramo de informática, de 36 anos, que foi autuado em flagrante após trocar tiros com criminosos – e matar um deles – que tentaram assassiná-lo, no último sábado à noite, em Cubatão. Ontem de manhã, em sua casa, no Parque São Luiz, ele quebrou o silêncio e deu a primeira entrevista sobre o episódio.



Com uma bala alojada na perna esquerda, que se fragmentou em vários pedaços próximo ao joelho e à coxa, o comerciante ainda aguarda avaliação médica sobre a conveniência ou não de extraí-los.



Porém, o que mais impressiona é o rasgo na lateral esquerda da cabeça da vítima. Ele foi produzido por um projétil que penetrou na pele, mas por sorte não penetrou o crânio. O marginal que baleou o comerciante portava uma pistola Glock calibre .40, o mesmo utilizado pelas polícias Civil e Militar.



Como foi



O comerciante detalhou na entrevista tudo o que aconteceu. “Cheguei de carro em casa junto com a minha mulher e o nosso filho (de 8 anos). Estacionei na frente do imóvel e ela desceu com o menino e entrou, mas eu continuei no veículo, porque desconfiei de dois homens, do outro lado da rua, que me encaravam”.



Pelo retrovisor, o comerciante percebeu que a dupla começou a caminhar em direção ao automóvel e, pressentindo o pior, ele começou a municiar uma pistola Imbel .40, com registro em seu nome válido até 28 de agosto de 2016.



“Sou praticante de tiro esportivo e tenho autorização do Exército para transportar a minha arma, desde que desmuniciada. Porém, como a situação estava suspeita, com aqueles dois homens vindo em direção ao carro, comecei a carregar a pistola”, narrou o comerciante.



Nesse momento, estranhando que o marido continuara no veículo, a mulher foi até ele. “Mandei ela entrar logo no automóvel, porque a dupla se aproximava e, logo em seguida, os bandidos já deram o primeiro tiro e percebi muito sangue no meu rosto. Revidei em legítima defesa”.



Socorro e fuga



Pelo menos nove disparos atingiram o carro, todos do lado do motorista. Durante o tiroteio, a mulher do comerciante saiu pela porta do passageiro e se abrigou nesta lateral. Quando o confronto acabou, ela entrou correndo em casa.



Simultaneamente, um dos marginais fugiu até um carro que o aguardava na esquina. Identificado como Fabrício Gonçalves da Silva, de 21 anos, o seu comparsa morreu no local ao lado da Glock que portava. Este rapaz saiu recentemente da cadeia, segundo informou o seu pai.



Apesar de ferido, o comerciante ligou o carro e o dirigiu até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, localizada nas imediações. “Funcionários dessa unidade recolheram meus documentos, minha arma e outros pertences. Tudo foi colocado em uma sacola”.


Ainda na UPA, o comerciante contou que começou a ter uma “sequência de flashes” e então desmaiou. “Quando recobrei a consciência, já estava no Pronto-Socorro Central e os PMs me disseram que eu e a minha esposa estávamos presos. Não dei a minha arma para ela e só agi em legítima defesa”. Ao saber onde estava a pistola, a própria mulher a entregou à polícia.

Acessado e disponível na Internet em 27/02/2015 no endereço - 
http://www.atribuna.com.br/pol%C3%ADcia/comerciante-preso-em-cubat%C3%A3o-ap%C3%B3s-atirar-em-ladr%C3%A3o-desabafa-foi-humilha%C3%A7%C3%A3o-1.431481