MENSAGEM

"Eu não recearia muito as más leis se elas fossem aplicadas por bons juízes. Não há texto de lei que não deixe campo à interpretação. A lei é morta. O magistrado vivo. É uma grande vantagem que ele tem sobre ela" - Anatole France

domingo, 28 de junho de 2015

PM concluiu investigação de fraude sem ouvir 12 oficiais

PM concluiu investigação de fraude sem ouvir 12 oficiais

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A sindicância que apurou um esquema de fraudes em licitações do Comando-Geral da Polícia Militar de São Paulo foi encerrada sem ouvir 12 dos 20 oficiais que foram listados pela própria corporação porque poderiam, no mínimo, fornecer subsídios à investigação.
Os nomes desses oficiais da PM foram citados em documentos por terem contribuído "para ao menos uma das fases" das licitações sob suspeita e incluídos em uma lista da sindicância como "pessoas a serem ouvidas".
Eles, porém, não prestaram depoimentos. Após dois anos e meio de investigação, os trabalhos foram encerrados em agosto de 2014 atribuindo toda a responsabilidade por fraudes ao tenente-coronel José Afonso Adriano Filho.
Conforme revelou a Folha na semana passada, as fraudes nas compras da cúpula da PM envolveram itens como clipe, açúcar e peça para veículos. Dentre as irregularidades havia pagamentos por produtos não entregues.
A apuração foi concentrada nos anos de 2009 e 2010, nas gestões José Serra e Alberto Goldman (PSDB).
As empresas de fachada que foram beneficiadas, porém, receberam pelo menos R$ 21,5 milhões da corporação entre 2005 e 2012.
Editoria de Arte/Folhapress
CORONÉIS
Os nomes dos 20 oficiais foram listados pela auditoria da sindicância em 458 licitações do Comando-Geral sob suspeita. Por exemplo, por terem pedido ou aprovado as compras e serviços que, no final, se mostraram fraudulentos.
Como não foram ouvidos, não é possível dizer se eles de fato participaram do certame ou mesmo se tinham alguma ciência das irregularidades.
Dos 12 oficiais que deixaram de ser ouvidos há dois coronéis, dois tenentes-coronéis e dois majores, além de capitães e tenentes. Na época das fraudes, Adriano Filho era major -na hierarquia, inferior a quatro desses oficiais.
Ele admitiu parte do esquema, mas, sem citar nomes, disse que fazia tudo com conhecimento dos superiores –não para enriquecimento próprio, mas para bancar gastos extraoficiais da PM.
Um dos oficiais da lista de pessoas que deveriam ter sido ouvidas é a coronel Maria Aparecida de Carvalho Yamamoto, responsável pelo setor de comunicação da Polícia Militar, que teria solicitado acessórios de informática e locação de equipamentos.
À Folha, Adriano Filho disse que a área comandada pela coronel Maria era uma das abastecidas por ele com dinheiro obtido no esquema de fraudes. Ele dizia manter uma espécie de banco, com dinheiro em espécie, para pagamento de despesas "corriqueiras" de vários setores.
"Pergunta para ela [Maria] por que a comunicação andava. Eu não deixava faltar dinheiro lá. Eu dava tudo."
Procurada, a coronel Maria disse que não iria se manifestar porque só Alexandre de Moraes, secretário da Segurança, falaria sobre esse tema.
Moraes afirmou nesta quinta-feira (25) que um Inquérito Policial Militar será aberto para apurar por que os oficiais não foram ouvidos e outras irregularidades envolvendo empresas de fachada contratadas pela corporação.
A lista dos que deveriam ter sido ouvidos também inclui Paulo Adriano Telhada, coronel, ex-comandante da Rota e hoje deputado estadual pelo PSDB. Ele foi citado por participar de duas compras (de carimbos e medalhas).
O oficial disse que nunca foi chamado para prestar esclarecimentos e nem sequer sabia que fazia parte de lista de pessoas a serem ouvidas.
OUTRO LADO
O secretário da Segurança da gestão Alckmin (PSDB), Alexandre de Moraes, disse ter determinado a abertura de um IPM (Inquérito Policial Militar) para ampliar as investigações nas licitações feitas pelo Comando-Geral da PM.
A abertura, segundo ele, foi determinada após a Folha revelar que empresas de fachada receberam R$ 21,5 milhões em licitações feitas pela cúpula da PM durante oito anos, e não apenas entre 2009 e 2010, período abrangido pela sindicância.
Também motivou a abertura do inquérito a revelação da lista de 12 oficiais que não foram ouvidos na sindicância.
"Não vamos nem abrir sindicância, vamos instaurar um IPM porque esse instrumento permite que possamos pedir ao juiz a decretação de quebra de sigilo bancário, fiscal, das empresas, de eventuais pessoas envolvidas."
Procurada, a coronel Maria Aparecida de Carvalho Yamamoto disse que não iria comentar esse assunto, nem mesmo se chegou a ser procurada pela sindicância.
"Tudo que tinha que ser dito a respeito dessa sindicância já foi falado, inclusive até pelo secretário. A autoridade máxima aqui na polícia é o secretário. Ele já deu entrevista, já falou. Eu não tenho mais nada a falar."
O coronel Paulo Adriano Telhada, ex-comandante da Rota, disse que nunca foi chamado para dar explicações sobre pedidos de compra e nem sabia que estava na lista de pessoas a ser ouvidas.
Disse que fez pedidos de compra de medalhas e carimbos e que recebeu o material.
Os pedidos, segundo ele, foram encaminhados ao comando do Choque, e não ao tenente-coronel José Afonso Adriano Filho. Telhada disse não saber dizer por que esses pedidos foram enviados a Adriano Filho, do Comando-Geral, porque o Choque poderia fazer as próprias compras.
Os outros oficiais superiores não foram localizados.

Acessado e disponível na Internet em 28/06/2015 no endereço -
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1648045-pm-concluiu-investigacao-de-fraude-sem-ouvir-12-oficiais.shtml

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Empresas de fachada receberam R$ 21,5 milhões da PM em 8 anos


Empresas de fachada receberam R$ 21,5 milhões da PM em 8 anos

Reynaldo Turollo Jr. - 16.jun.2015/Folhapress
Endereço da empresa Construworld, acusada de licitações fraudulentas na PM paulista
Endereço da empresa Construworld, acusada de licitações fraudulentas na PM paulista

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Quatro empresas de fachada envolvidas em esquema de fraude de licitações no Comando-Geral da Polícia Militar de São Paulo receberam, juntas, mais de R$ 21,5 milhões em contratos com a corporação entre 2005 e 2012.
E mais de metade desse montante –R$ 12,7 milhões– foi pago pelos cofres públicos fora do período que é alvo de investigação da própria PM.
Conforme a Folha revelou na semana passada, uma sindicância da Polícia Militar confirmou um esquema de fraudes nas compras feitas pela cúpula da corporação –envolvendo diversos itens, como clipes, açúcar, pen drive e peças para veículos.
A investigação foi concentrada só nos anos de 2009 e 2010, nas gestões José Serra e Alberto Goldman (PSDB) –período citado em denúncia anônima recebida pela PM, que identificou desvios próximos de R$ 10 milhões.
Mas as empresas beneficiadas receberam verbas da corporação tanto antes como depois desses anos, principalmente por meio de dispensa de licitação e carta convite, modalidades também usadas nas fraudes de 2009 e 2010.
As contratações envolveram desde serviços de limpeza de telhado e pintura de parede até a compra de materiais de escritório. No período investigado, a PM verificou pagamentos por produtos que não foram entregues.
Editoria de Arte/Folhapress
A sindicância atribuiu culpa ao tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, que admite parte da irregularidades, mas nega enriquecimento ilícito e diz ter agido com ciência de seus superiores.
O oficial estava no departamento de suporte do Comando-Geral desde 2000, onde continuou até outubro de 2012, quando se aposentou.
O detalhamento dos gastos anuais com a rede de empresas suspeitas foi feito com base no Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária, acessado pela liderança do PT na Assembleia a pedido da Folha, que corrigiu os valores anuais pelo IPCA.
Ele foi repassado à gestão Geraldo Alckmin (PSDB), que informou que novas apurações poderão ser "imediatamente" abertas se surgirem novos "indícios ou provas" de qualquer irregularidade.
Na lista das empresas suspeitas que receberam as verbas da PM estão a Comercial das Províncias e a Construworld, que funcionaram no mesmo endereço (uma casa em obras) e que chegaram a usar a mesma conta bancária para receber do Estado.
Juntas, as duas receberam R$ 15,2 milhões de 2005 a 2012 –75% disso fora do período investigado pela PM. As outras duas foram Rali e A Luta.
Comercial e Construworld foram criadas em 2004 e 2005, respectivamente, e fecharam em novembro de 2012 –menos de um mês após a aposentadoria do tenente-coronel alvo da sindicância.
A Comercial da Províncias é a mesma que teve um cheque usado para pagamento antecipado de seis meses de condomínio de propriedades da família do oficial da PM.
OUTRO LADO
Questionada sobre os pagamentos da PM a empresas de fachada em anos anteriores e posteriores ao período das fraudes sob investigação, a Secretaria da Segurança Pública informou que novas apurações poderão ser "imediatamente" abertas caso surjam novos "indícios ou provas" de outras irregularidades.
Ainda de acordo com a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), os fatos envolvendo os anos de 2009 e 2010 "foram rigorosamente investigados e as conclusões enviadas aos devidos órgãos competentes".
"Todas as provas encaminhadas à Corregedoria foram juntadas aos autos e irão acompanhar o processo no Conselho de Justificação para análise de perda da patente do oficial apurado, que se aposentou em outubro de 2012."
A Secretaria da Segurança informou ainda que a determinação "a todas as unidades orçamentárias da pasta é de somente contratar empresas absolutamente regulares, em dia com os tributos e sem qualquer restrição administrativa ou judicial".
Em visita a Campinas, o secretário Alexandre de Moraes (Segurança) disse que só pode investigar outros oficiais pela fraude caso o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho diga quem são eles.
"Superiores dele eram todos os 60 coronéis. Se ele falar: 'Eu recebi ordens do coronel tal', imediatamente será aberta uma sindicância", disse Moraes. "Ele trabalhou naquilo durante quatro anos. Se ele disser quem deu ordem, nominar uma pessoa, imediatamente nós vamos investigar", completou.
Folha não localizou representantes da Construworld, Comercial das Províncias e A Luta. A Rali Comércio e Serviços informou que está sob nova direção desde 2013 e, por isso, não pode falar sobre contratos anteriores.
Colaborou VENCESLAU BORLINA FILHO, de Campinas.
Editoria de Arte/Folhapress
Acessado e disponível na Internet em 25/06/2015 no endereço -
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1647522-empresas-de-fachada-receberam-r-215-milhoes-da-pm-em-8-anos.shtml

É impossível fraudar sozinho, diz oficial da PM sobre desvio em licitações

É impossível fraudar sozinho, diz oficial da PM sobre desvio em licitações

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Major da reserva da Polícia Militar de São Paulo e deputado federal pelo PDT, Olímpio Gomes afirma que a estrutura de compras existente na corporação não teria como ser burlada com a ação isolada de um único oficial.
"Eu digo que é impossível, pelo sistema de controle que nós temos, o controle orçamentário da própria polícia, o coronel Adriano ter feito ou perpetrado tudo isso sozinho. Impossível", disse à Folha.
Olímpio se refere ao tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, acusado de comandar fraudes no Departamento de Suporte Administrativo do Comando-Geral da PM.
Adriano chefiava a seção de finanças do órgão, comandado na época pelo coronel Kooki Taguti, que negou em sindicância ter conhecimento do esquema.
As fraudes funcionaram, ao menos, em 2009 e 2010 e envolveram R$ 10 milhões.
Além desse departamento, o Comando-Geral possui diretorias para ajudar na fiscalização de aquisições e pagamentos: a de Apoio Logístico e a de Finanças.
Determinadas aquisições passam ainda pela análise do comandante-geral e até do secretário da Segurança.
Por ser unidade gestora, o órgão também está sujeito à fiscalização do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Anualmente, segundo o oficial, cerca de 300 policiais militares são demitidos por diversas práticas, inclusive corrupção. Ele afirma que a corporação precisa ter "coragem" para punir oficiais envolvidos nos desvios.
FESTAS
O major da reserva afirmou ainda que oficiais da PM relatam que o tenente-coronel Adriano bancava festas no quartel. Uma delas foi para comemorar o aniversário de um secretário da Segurança, cujo nome não informou.
Segundo o coronel reformado José Vicente da Silva, há décadas é comum na PM o uso de um procedimento conhecido como "química", que consiste em aplicar o dinheiro destinado para determinado fim a outro.
Editoria de Arte/Folhapress
Acessado e disponível na Internet em 25/06/2015 no endereço - 
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1644904-e-impossivel-fraudar-sozinho-diz-oficial-da-pm-sobre-desvio-em-licitacoes.shtml

Fraudes em compras da PM atingem R$ 10 mi

De clipe a peça de carro, fraudes em compras da PM atingem R$ 10 mi

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Compra de papel higiênico, bolacha, açúcar, clipe, pen drive, peças de veículos, programas para computador, ternos, reparos elétricos e hidráulicos, pinturas e, até, reforma de um lago de carpas.
Esses e outros itens foram alvo de um esquema de fraudes em licitações instalado no Comando-Geral da Polícia Militar de São Paulo que envolveu ao menos R$ 10 milhões em dois anos, segundo uma sindicância da própria PM.
As suspeitas, por ora, recaem sobre um oficial, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, que confirmou parte do esquema e disse ter agido por ordem ou conhecimento de seus superiores.
"Assumo tudo o que fiz. Tudo foi feito somente para o bem e jamais para o mal", disse à Folha o tenente-coronel, em sua casa em um condomínio em Itu (101 km de SP).
Desde 2012 na reserva, Adriano Filho corre risco de cassação de sua patente, segundo a Secretaria da Segurança Pública, que diz ter avisado os órgãos responsáveis. Ele, que atuava no departamento desde 2000, afirmou que os desvios eram para bancar outras despesas da corporação -e não para enriquecimento próprio.
Editoria de Arte/Folhapress
As fraudes ocorreram ao menos entre 2009 e 2010, período em que foram comandantes-gerais da PM os coronéis Roberto Diniz e Álvaro Camilo, nas gestões José Serra e Alberto Goldman (PSDB). Parte do esquema incluía usar dinheiro da PM para pagar por produtos que não eram entregues, por exemplo.
A investigação começou em fevereiro de 2012, após denúncia anônima, e terminou em agosto de 2014, com pedido de punição ao operador da fraude. O resultado foi enviado à Promotoria e ao Tribunal de Contas do Estado.
Pelo relatório, assinado pelo coronel Levi Anastácio Félix, atual corregedor-geral da PM, a auditoria detectou irregularidades em todas as 458 licitações analisadas -as compras eram fracionadas para escapar da fiscalização externa e feitas de empresas que perderam os certames.
PEÇAS E DINHEIRO VIVO
Algumas compras chamam a atenção pelo volume, pois, em tese, seriam destinadas só ao Comando-Geral: 9.700 quilos de açúcar em três meses, 23.300 pacotes de biscoito em cinco meses e R$ 72.570 em gastos com clipes para papel. Não houve comprovação de entrega de todos os produtos.
Um dos casos mais graves ocorreu na aquisição de peças para manutenção da frota do comando -pelo preço de R$ 1,7 milhão. Nenhuma peça paga foi entregue.
Reynaldo Turollo Jr/Folhapress
Frente da empresa Rogep, que foi paga pela PM sem ter comprovado a entrega de peças
Frente da empresa Rogep, que foi paga pela PM sem ter comprovado a entrega de peças
O tenente-coronel Adriano Filho confirmou à sindicância e à Folha ter simulado as compras. Mas disse ter feito isso para saldar a dívida informal de algumas unidades da PM que teriam comprado fiado.
Com isso, a Rogep Comércio de Auto Peças e Serviços recebeu a quantia, mas não entregou as peças -com a justificativa de que já tinha fornecido extraoficialmente antes. Não há na sindicância, porém, nenhuma prova da existência da dívida alegada.
O oficial apontado como operador do esquema disse ainda ter atuado como uma espécie de banco. Mantinha dinheiro em espécie para abastecer outros setores da PM e pagar despesas "corriqueiras" –e estimadas em R$ 1 milhão em dois anos.
Segundo Adriano Filho, o dinheiro era repassado ao Comando-Geral por ao menos duas empresas, a Sistécnica e a Rafink, que, depois, eram ressarcidas por meio de licitações direcionadas a elas.
OUTRO LADO
O tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, suspeito de operar o esquema de fraudes em licitações no Comando-Geral da PM, confirma parte das irregularidades, mas nega ter feito tudo sozinho ou para proveito próprio.
"Não fiz nada sem ordem. Todas as melhorias executadas, não só no Quartel do Comando-Geral como em outras unidades, tinham ciência e autorização dos superiores. De todos os superiores", diz ele, que não quis citar nomes.
Sobre as irregularidades nas compras, ele diz que parte era para pagamento de despesas da própria PM, como no caso das peças para veículos. "É ilegal, mas não é imoral. Tudo o que foi feito no período foi unicamente com vistas à adequação de todo o complexo do QCG [Quartel do Comando-Geral]. Tudo foi feito somente para o bem [da PM] e jamais para o mal."
O oficial diz que, embora não haja comprovação, a maior parte dos produtos comprados era entregue. Procurado, o atual comando da PM não respondeu se vai abrir nova investigação para apurar eventual participação de outros oficiais.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a sindicância concluiu pela "necessidade de responsabilização" do oficial "pela prática de, em tese, atos de improbidade administrativa e infrações penais".
Por isso, enviou relatório a outros órgãos, como o Ministério Público, a Secretaria da Fazenda e o Tribunal de Contas do Estado. "[A Secretaria da Segurança] determinou a instauração de Conselho de Justificação, com a finalidade de analisar a viabilidade de cassação do posto e da patente do tenente-coronel", diz a nota.
O coronel Álvaro Batista Camilo, que comandou a PM entre 2009 e 2012 e hoje é deputado estadual pelo PSD, negou ter conhecimento de fraudes em sua gestão. "Não sabia que ele estava envolvido nisso. Isso é um absurdo. Ninguém da polícia dá uma ordem para alguém cometer alguma coisa errada", disse.
"O próprio regulamento diz: ordem absurda não se cumpre. Tenho certeza absoluta de que ninguém deu ordem para que fizesse algo errado, principalmente com essa questão financeira." O ex-comandante Roberto Diniz não foi localizado.
Dono da Rogep Auto Peças, Rogério Torres disse que sua empresa atua no ramo há 30 anos, fornece peças a vários órgãos da PM e não tem nada a acrescentar ao já declarado por Adriano Filho.
As empresas Rafink e Sistécnica, citadas na sindicância como tendo adiantado dinheiro ao Comando-Geral em troca de vencerem licitações, não foram localizadas.

Acessado e disponível na Internet em 25/06/2015 no endereço - 
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1644344-de-clipe-a-peca-de-carro-fraudes-em-compras-da-pm-atingem-r-10-mi.shtml

domingo, 21 de junho de 2015

Jovem repassa droga para irmão preso na frente de juiz e promotora


         
18/06/2015 - 22h02 - Atualizado em 19/06/2015 - 07h58
Autor: Iara Diniz | idiniz@redegazeta.com.br

Aos militares ela contou que repassou a droga para o irmão para "não deixá-lo triste na prisão"

Fórum da Prainha
Uma jovem de 17 anos protagonizou na tarde desta quinta-feira uma cena um tanto quanto inusitada. Sem se importar com a presença de um juiz, uma promotora e um defensor público ela repassou uma bucha de maconha para o irmão, de 18 anos, que tinha acabado de ser condenado por homicídio. Toda cena foi presenciada pelos participantes do júri. 

O rapaz, de 18 anos, foi condenado por homicídio. Ao final do júri, que aconteceu no Fórum da Prainha, em Vila Velha, ele pediu ao juiz autorização para se despedir da mãe e da irmã. 

O pedido foi autorizado pelo magistrado. O que o juiz Roberto Luiz Ferreira Santos não imagina era a cena que estava por vir. Foi ele que interviu no momento em que a jovem repassou a droga para o irmão. A promotora Olga Maria Tedoldi Spalenza e o defensor público Carlos Eduardo Rios do Amaral também presenciaram a cena. 

A Polícia Militar foi acionada e encaminhou a menina para o DPJ de Vila Velha. Aos militares ela contou que repassou a droga para o irmão para “não deixá-lo triste na prisão”. 

A jovem foi ouvida pelo delegado e liberada com a presença de familiares. O irmão voltou para a prisão onde cumprirá a condenação.

Acessado e disponível na Internet em 21/06/2015 no endereço -
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2015/06/noticias/cidades/3900385-jovem-repassa-droga-para-irmao-preso-na-frente-de-juiz-e-promotora.html

quinta-feira, 18 de junho de 2015

De clipe a peça de carro, fraudes em compras da PM atingem R$ 10 mi


De clipe a peça de carro, fraudes em compras da PM atingem R$ 10 mi

7,8 mil23775
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Compra de papel higiênico, bolacha, açúcar, clipe, pen drive, peças de veículos, programas para computador, ternos, reparos elétricos e hidráulicos, pinturas e, até, reforma de um lago de carpas.
Esses e outros itens foram alvo de um esquema de fraudes em licitações instalado no Comando-Geral da Polícia Militar de São Paulo que envolveu ao menos R$ 10 milhões em dois anos, segundo uma sindicância da própria PM.
As suspeitas, por ora, recaem sobre um oficial, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, que confirmou parte do esquema e disse ter agido por ordem ou conhecimento de seus superiores.
"Assumo tudo o que fiz. Tudo foi feito somente para o bem e jamais para o mal", disse à Folha o tenente-coronel, em sua casa em um condomínio em Itu (101 km de SP).
Desde 2012 na reserva, Adriano Filho corre risco de cassação de sua patente, segundo a Secretaria da Segurança Pública, que diz ter avisado os órgãos responsáveis. Ele, que atuava no departamento desde 2000, afirmou que os desvios eram para bancar outras despesas da corporação -e não para enriquecimento próprio.
Editoria de Arte/Folhapress
As fraudes ocorreram ao menos entre 2009 e 2010, período em que foram comandantes-gerais da PM os coronéis Roberto Diniz e Álvaro Camilo, nas gestões José Serra e Alberto Goldman (PSDB). Parte do esquema incluía usar dinheiro da PM para pagar por produtos que não eram entregues, por exemplo.
A investigação começou em fevereiro de 2012, após denúncia anônima, e terminou em agosto de 2014, com pedido de punição ao operador da fraude. O resultado foi enviado à Promotoria e ao Tribunal de Contas do Estado.
Pelo relatório, assinado pelo coronel Levi Anastácio Félix, atual corregedor-geral da PM, a auditoria detectou irregularidades em todas as 458 licitações analisadas -as compras eram fracionadas para escapar da fiscalização externa e feitas de empresas que perderam os certames.
PEÇAS E DINHEIRO VIVO
Algumas compras chamam a atenção pelo volume, pois, em tese, seriam destinadas só ao Comando-Geral: 9.700 quilos de açúcar em três meses, 23.300 pacotes de biscoito em cinco meses e R$ 72.570 em gastos com clipes para papel. Não houve comprovação de entrega de todos os produtos.
Um dos casos mais graves ocorreu na aquisição de peças para manutenção da frota do comando -pelo preço de R$ 1,7 milhão. Nenhuma peça paga foi entregue.
Reynaldo Turollo Jr/Folhapress
Frente da empresa Rogep, que foi paga pela PM sem ter comprovado a entrega de peças
Frente da empresa Rogep, que foi paga pela PM sem ter comprovado a entrega de peças
O tenente-coronel Adriano Filho confirmou à sindicância e à Folha ter simulado as compras. Mas disse ter feito isso para saldar a dívida informal de algumas unidades da PM que teriam comprado fiado.
Com isso, a Rogep Comércio de Auto Peças e Serviços recebeu a quantia, mas não entregou as peças -com a justificativa de que já tinha fornecido extraoficialmente antes. Não há na sindicância, porém, nenhuma prova da existência da dívida alegada.
O oficial apontado como operador do esquema disse ainda ter atuado como uma espécie de banco. Mantinha dinheiro em espécie para abastecer outros setores da PM e pagar despesas "corriqueiras" –e estimadas em R$ 1 milhão em dois anos.
Segundo Adriano Filho, o dinheiro era repassado ao Comando-Geral por ao menos duas empresas, a Sistécnica e a Rafink, que, depois, eram ressarcidas por meio de licitações direcionadas a elas.
OUTRO LADO
O tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, suspeito de operar o esquema de fraudes em licitações no Comando-Geral da PM, confirma parte das irregularidades, mas nega ter feito tudo sozinho ou para proveito próprio.
"Não fiz nada sem ordem. Todas as melhorias executadas, não só no Quartel do Comando-Geral como em outras unidades, tinham ciência e autorização dos superiores. De todos os superiores", diz ele, que não quis citar nomes.
Sobre as irregularidades nas compras, ele diz que parte era para pagamento de despesas da própria PM, como no caso das peças para veículos. "É ilegal, mas não é imoral. Tudo o que foi feito no período foi unicamente com vistas à adequação de todo o complexo do QCG [Quartel do Comando-Geral]. Tudo foi feito somente para o bem [da PM] e jamais para o mal."
O oficial diz que, embora não haja comprovação, a maior parte dos produtos comprados era entregue. Procurado, o atual comando da PM não respondeu se vai abrir nova investigação para apurar eventual participação de outros oficiais.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a sindicância concluiu pela "necessidade de responsabilização" do oficial "pela prática de, em tese, atos de improbidade administrativa e infrações penais".
Por isso, enviou relatório a outros órgãos, como o Ministério Público, a Secretaria da Fazenda e o Tribunal de Contas do Estado. "[A Secretaria da Segurança] determinou a instauração de Conselho de Justificação, com a finalidade de analisar a viabilidade de cassação do posto e da patente do tenente-coronel", diz a nota.
O coronel Álvaro Batista Camilo, que comandou a PM entre 2009 e 2012 e hoje é deputado estadual pelo PSD, negou ter conhecimento de fraudes em sua gestão. "Não sabia que ele estava envolvido nisso. Isso é um absurdo. Ninguém da polícia dá uma ordem para alguém cometer alguma coisa errada", disse.
"O próprio regulamento diz: ordem absurda não se cumpre. Tenho certeza absoluta de que ninguém deu ordem para que fizesse algo errado, principalmente com essa questão financeira." O ex-comandante Roberto Diniz não foi localizado.
Dono da Rogep Auto Peças, Rogério Torres disse que sua empresa atua no ramo há 30 anos, fornece peças a vários órgãos da PM e não tem nada a acrescentar ao já declarado por Adriano Filho.
As empresas Rafink e Sistécnica, citadas na sindicância como tendo adiantado dinheiro ao Comando-Geral em troca de vencerem licitações, não foram localizadas.

Acessado e disponível na Internet em 18/06/2015 no endereço -