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sábado, 2 de novembro de 2013

Polícia Civil encolhe em São Paulo


dia a dia
02/11/2013 06:00

Polícia Civil encolhe em São Paulo

Na última década, o decréscimo foi de 6,89%. População da cidade, por sua vez, cresceu 7,82%ULISSES DE OLIVEIRA
ulisses.oliveira@diariosp.com.br
Duran Machfee/Futura PressPoliciais Civis do GOE (Grupo de Operações Especiais) em operação na capitalPoliciais Civis do GOE (Grupo de Operações Especiais)

A Polícia Civil da capital vive um momento delicado. Enquanto a população paulistana cresceu 7,82% nos últimos dez anos (de 10.615.844 para 11.446.275 pessoas), o efetivo de delegados, investigadores e profissionais das demais funções responsáveis pela investigação dos crimes diminuiu 6,89%. Em 2003, a cidade contava com 8.320 agentes. Hoje são 7.746. A redução chega a 574 vagas. 

Sindicatos e políticos de oposição ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) culpam a administração estadual pela decadência no setor. A falta de planejamento em repor o quadro de aposentados e exonerados, os baixos salários e a “estrutura precária de trabalho” são as principais causas apontadas pelo esvaziamento da Polícia Civil. 

O caso dos investigadores é o que mais preocupa. A queda de 10,5% representa o maior gargalo entre todas as carreiras. A capital conta, hoje, com um investigador para cada 5.666 paulistanos. “A crise da (Polícia) Civil deve aumentar porque 20% dos servidores já podem se aposentar”, disse o deputado estadual major Olímpio Gomes (PDT).

Para resolver todos os crimes cometidos entre janeiro a setembro deste ano, cada investigador teria de se dedicar, no máximo, oito horas e 18 minutos para cada delito. Dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) apontam 381.321 crimes praticados na capital até 30 de setembro. A média por mês é de mais de 42 mil casos.

No interior, a queda é ainda pior. A redução foi de 10% —  3.193 agentes a menos de 2003 até março de 2013 nas 644 cidades. 

Membro da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Assembleia Legislativa,  Olímpio atribuí a crise na segurança pública à falta de planejamento. “O déficit (no número de agentes) é absurdo. Não é raro eu ter de intervir, para pedir celeridade na liberação até de corpos de PMs. Falta gente em todas as corporações.”

Segundo o governo, no final do ano passado 3.547 servidores trabalhavam na Polícia Técnico-Científica. Na Polícia Militar, o número era de 93.068, incluídos aí 6 mil soldados temporários e 9 mil bombeiros.

Estado diz que vai abrir concurso e melhorou salário
Em nota, o governo estadual diz ter autorizado a abertura de concursos públicos para a Polícia Civil e concedido reajuste salarial para a categoria. O número de vagas a serem preenchidas será de 4.658. Os novos valores dos salários foram divulgados nesta sexta-feira no “Diário Oficial”. A previsão é contratar delegados (129), escrivães (1.075), investigadores (1.384) e agentes policiais (217). A Polícia Científica vai ganhar 529 peritos criminais, 120 fotógrafos técnico-pericial, 55 desenhistas técnico-pericial, 200 médicos legistas, 155 auxiliares de necropsia, 110 atendentes de necrotério e 600 oficiais administrativos. A nota afirma ainda que o efetivo da Polícia Militar cresceu de 89.632 soldados, em 2003, para 91.682 policiais em 2013. Outros 2,3 mil vão ser contratados.

Acessado e disponível na Internet em 02/11/2013 no endereço -