Líder preso manda recado e PMs baianos descartam nova greve
Preso pela Polícia Federal na tarde desta sexta-feira (18), o soldado
Marco Prisco, líder da greve promovida nesta semana pela Polícia Militar
da Bahia, orientou os membros de sua associação a não retomar a
paralisação em protesto contra a detenção.
A informação foi confirmada na noite desta sexta-feira pelo advogado e
por dirigentes da Aspra (Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia),
a associação comandada por Prisco.
O recado arrefeceu o ânimo de policiais que se reuniram nesta noite para
discutir a possibilidade de uma paralisação motivada pela prisão de
Marco Prisco, que é vereador em Salvador pelo PSDB.
Lunae Parracho-6.fev.11/Reuters |
Marco Prisco, que foi preso hoje |
Prisco foi detido pela Polícia Federal à tarde, na região da Costa do
Sauípe (litoral norte da Bahia). Segundo o Ministério Público Federal e a
Polícia Federal, ele estava em um resort -a defesa nega e diz que ele
foi preso no caminho do hotel, onde seguia para descansar com a família.
A Procuradoria pediu a prisão no curso de uma ação referente à greve
anterior da categoria, de 2012. O pedido, contudo, foi feito na última
segunda-feira, quando a nova paralisação -iniciada na terça-feira- já
era iminente. A Procuradoria reconhece que o pedido foi feito em razão
da ameaça de nova greve, que acabou se concretizando.
Como a ordem de prisão partiu da Justiça Federal, o soldado foi levado
de helicóptero ao aeroporto de Salvador, de onde seguiu para o complexo
penitenciário da Papuda, em Brasília.
A detenção veio um dia após os grevistas fecharem acordo com o governo
Jaques Wagner (PT), que ontem negou relação com a prisão e disse que
mantém os itens acertados com a categoria. O comando da PM emitiu
conclamando os policiais a se manterem em serviço.
No acordo que encerrou a greve, o governo Wagner aceitou elevar
gratificações por funções e abrir nova discussão sobre o código de ética
da corporação e plano de carreira.
Mesmo com o reforço de tropas federais, que permanecem no Estado, a
greve foi marcada pelo aumento da violência no Estado: houve saques e ao
menos 52 homicídios na Grande Salvador em 46 horas -a média é de cinco
casos por dia.
Com a notícia da prisão, PMs começaram a se mobilizar para uma
assembleia. Alguns anunciavam a possibilidade de nova paralisação.
ASSEMBLEIA
Por meio de redes sociais, os policiais convocaram uma assembleia para a
praça Municipal, centro de Salvador, em frente à Câmara Municipal.
Cerca de cem pessoas se concentraram no local, mas nenhum líder apareceu
para comandar a reunião. Não houve oradores.
Por volta das 22h, o tenente coronel Edmílson Tavares, presidente da
associação de oficiais Força Invicta, telefonou para policiais da
entidade que estavam na praça, pedindo para que o grupo se dispersasse
para evitar confrontos com forças federais que foram para a cidade
reforçar o policiamento durante a greve.
Cerca de uma hora antes, os policiais presentes na praça haviam
hostilizado e vaiado policiais da Força Nacional e até da própria
Polícia Militar que passaram em carros das corporações.
Por volta das 22h30, a praça já estava vazia.
RECUO
Após emitir uma moção de repúdio ao governo e conclamar os policiais a
uma nova paralisação, o deputado estadual Capitão Tadeu (PSB) -que
também é policial- recuou.
"Pedi para os policiais ficarem aquartelados para acalmar os ânimos e
evitar qualquer tipo de ação isolada" afirmou à Folha o deputado,
descartando a convocação de uma nova greve.
Um grupo de filiados à associação de Prisco deverá chegar a Brasília
neste sábado (19) para definir um cronograma de ações contra a prisão do
policial.
FONTE: FOLHA ONLINE
Acessado e disponível na Internet em 19/04/2014 no endereço -
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04/1442769-lider-preso-manda-recado-e-pms-baianos-descartam-nova-greve.shtml